segunda-feira, 22 de maio de 2017

Habitar o Verde - Síntese do Ciclo de Debates e Conclusões do Evento

 
 
Habitar o Verde
  
Síntese do Ciclo de Debates | Conclusões do Evento



O tema do EARTHfest'2017, "Habitar o Verde", desenvolveu-se num ciclo de debates ("Walk the Talk") com três sessões:

S1 - Habitar o Verde em Nós
Educar para a Felicidade - pessoas, projetos e instituições que estão a marcar a diferença num novo olhar sobre a educação.

Nesta sessão, o foco foi dado à educação, porquanto a mudança em nós se faz (ou deve fazer) logo desde a infância, providenciando à criança um contexto ético e vivencial que lhe permita integrar os valores, princípios e práticas da sustentabilidade.

A educação foi abordada na perspetiva da felicidade, no pressuposto de que a verdadeira aprendizagem só ocorre num contexto de harmonia, que propicie a plena expressão do Ser de cada um e o despertar da curiosidade natural da criança/ jovem por tudo o que a rodeia, pois é isso que a leva a questionar, investigar e aprofundar o seu entendimento de si mesma e do mundo, conduzindo, assim e muito naturalmente, a uma afetiva e efetiva aprendizagem.

A sessão foi enriquecida com os contributos de:
  • Teresa Mendes, em representação da Rede Educação Viva - que nos mostrou as mais-valias de uma educação "viva", envolvendo, em rede, os vários agentes intervenientes (além dos professores, as famílias, os diretores/ gestores das instituições educativas, os investigadores/ académicos e os decisores/ políticos) e que nos apresentou a estrutura e dinâmica da Rede, com vários núcleos e projetos e ações desconcentradas no território e também de âmbito nacional, sendo a Rede já chamada a intervir e contribuir no âmbito do desenho de políticas e ações, a nível governativo;
  • Pedro Branco, que moderou a sessão em representação do EARTHfest e que contribuiu, como membro do MEM - Movimento da Escola Moderna - e professor do Externato Fernão Mendes Pinto, em Benfica, apresentando as mais-valias deste movimento nacional de professores, que em continuidade promove a auto-formação, comunicação e reflexão/ debate entre pares; e do modelo pedagógico do MEM (que o Pedro implementa na sua turma mista e que o Externato prossegue) e que devolve aos alunos o papel central no processo de ensino/ aprendizagem, sedimentando-se em princípios e práticas de participação democrática;
  • Teresa Manuel, em representação da Florescer - Associação de Educação Global (integrado na Rede Educação Viva), que nos apresentou o Centro de Educação Global da Florescer, sedeado em Linda-a-Velha, um projeto pedagógico de base comunitária que promove a participação ativa e integral das crianças no próprio processo de aprendizagem, sendo as famílias e a comunidade local parte integrante desse processo vivo e sempre em construção; o Centro encontra-se atualmente em fase de expansão, estando previstas novas vagas para o próximo ano letivo;
  • Rita Fouto, que interviu em representação da FAREDUCA, aprofundando a importância de considerar a felicidade na educação global das crianças e jovens no século XXI - pois não só essa dimensão está cada vez menos presente na maioria dos espaços e contextos educativos, como é lapidada pela cultura do isolamento, da solidão e do medo, que impende sobre os adultos, chegando também às crianças; a Rita referiu os contributos da Psicologia Positiva e, em especial, o Modelo PERMA de Martin Seligman, que está a ser adotado de forma pioneira em Portugal, na Escola das Cerejeiras (Happiness Projet), em Penela (Coimbra);
  • Teresa Manuel, a este ponto, voltou a intervir, para apresentar a Enraizar - Associação de Aprendizagem Comunitária, na Ericeira (integrado na Rede Educação Viva), que parece concretizar muitos dos pontos positivos elencados pelo painel; a Teresa mostrou um vídeo do projeto, que culminou as intervenções do painel.
A sessão foi ainda enriquecida com os contributos dos participantes na plateia, fechando em abertura à plena convicção de que a educação está a mudar em Portugal, de que essa mudança é real e visível nos inúmeros projetos que demonstram resultados e enorme potencial, sedimentados em: contextos de proximidade/ pequena escala; abertura/ relação e forte eonvolvimento da comunidade; diferenciação, autonomia e cooperação democrática; qualidade humana/ relacional; integração vivencial na natureza e seus valores; e sustentabilidade na afetação de recursos e meios (com aproveitamento de espaços já existentes, muitas vezes antigas escolas - e com modelos de custos integradores da participação).


S2 - Habitar o Verde Onde Estamos
Cidades e Comunidades Verdes - o que está a acontecer em Lisboa e noutras cidades e comunidades que caminham para novos paradigmas humanos de base territorial.

Nesta sessão, o foco esteve na transição das cidades e comunidades para modelos mais "verdes" (sustentáveis, quer do ponto de vista económico, quer ecológico/ ambiental e humano/ social). Em especial, queríamos falar da cidade de Lisboa, que se candidata ao estatuto de "Capital Europeia Verde" em 2018.

A sessão não se realizou por impossibilidade da participação dos oradores convidados.


S3 - Habitar o Verde No Que Fazemos
(Re)Aprender a Cuidar - o papel da arte e da cultura como indutores de transformação e coesão social; pessoas, projetos e instituições que estão a marcar a diferença no "fazer em cuidar".

Nesta sessão, o foco esteve na arte e na cultura como motores da transformação pessoal e da coesão social.

A sessão foi enriquecida com os contributos de:
  • André Príncipe, em representação da Casa Bô, no Porto - que nos trouxe um vídeo e uma apresentação muito vívida do projeto da Casa Bô e seus resultados e impacto na comunidade;
  • Laura Gonzales Munera, em representação da ASPEA - que contribuiu com uma visão das atividades da ASPEA e sua ligação com a dimensão artística e sociocultural;
  • Inês Fouto, diretora da CENAS - Teatro e Companhia - que salientou o gosto e importância de contar histórias e de como isso pode ser feito de um modo que implique todo o nosso Ser, transformando a realidade;
  • José Coelho, em representação da MIAU Associação Cultural - que resumiu a atividade da MIAU, salientando o tempo lento da arte versus as dinâmicas rápidas do presente (e em especial entre os jovens), que parecem perigar a proficuidade dessa relação;
  • Isabel Correia, em representação da UPAYA Ambiente - que apresentou o trabalho da UPAYA Ambiente, "alinhado" com o Movimento das Cidades em Transição e focado na sensibilização para as Alterações Climáticas, salientando também a dicotomia entre o tempo lento da arte (ainda que ferramenta ímpar de transformação) e a urgência da necessária mudança;
  • Paula Alves, em representação da Fazedores da MudançaFórum Terra - que partilhou a iniciativa do Fórum e apresentou, em vídeo, a Carta Aberta, salientando o "poder da proximidade" na ação de pequenos grupos e iniciativas locais que, acedendo à dimensão global, beneficiam todos; e
  • Álvaro Fonseca, investigador e professor na área de Biologia e Botânica - que salientou a importância da pluralidade dos caminhos no atingir do bem-estar e bem-viver, reconhecendo à arte papel essencial, enquanto processo vivencial que nos implica e transforma no todo.
A sessão foi muito animada e propiciou um ambiente de grande comunhão e partilha entre todos, entremeado de "inputs" inspiradores como imagens, vídeos, canções, poemas e histórias. Rita Fouto, da FAREDUCA, que moderou a sessão, partilhou o manifesto da MuralArts Program, desafiando à sua tradução e adoção/ partilha por todos.
A sessão concluiu no sentido de que a arte, enquanto processo lento (porque implica todo o Ser numa experiência imersiva e vivencial, que exige demora na fruição/ contemplação, na reflexão/ experimentação e na criação/ produção) deve ser amplamente defendida, praticada e levada a todos - impregnando-se de um sentido ético de co-construção comunitária em torno de um objetivo comum, de uma finalidade cabal e concreta: despertar cada um para o seu próprio processo de transformação. "Sê a mudança que queres ver no mundo." (disse Ghandi). "Porque o mundo já é essa mudança à tua frente." (dizemos nós).

Conclusões EARTHfest'2017
Lisboa, 22 de maio de 2017
(Dia Mundial da Biodiversidade)


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